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Aliados de Bolsonaro e de Lula modulam discursos e buscam narrativas próprias sobre Trump



Por Folhapress
Fotos: Ricardo Stuckert / PR


A reunião do presidente Lula (PT) com Donald Trump, neste domingo (26), levou esquerda e direita –em especial os aliados de Jair Bolsonaro (PL)– a disputarem narrativas sobre o significado do encontro e a relação com o presidente dos Estados Unidos.


Lula e Trump se reuniram em Kuala Lumpur, na Malásia, para discutir as tarifas impostas sobre os produtos brasileiros. O presidente dos EUA fez elogios tanto ao petista quanto a Bolsonaro, o que levou cada espectro a focar no próprio benefício do encontro —apesar de setores da direita reconhecerem desconforto no bolsonarismo e ganhos políticos do atual presidente na relação com o americano.


Antes da reunião, Trump foi questionado em entrevista coletiva sobre Bolsonaro. Ele disse se sentir mal pela situação do ex-presidente, de quem sempre gostou, mas não quis responder mais sobre o assunto. "Não é da sua conta", disse a uma jornalista que perguntou se Bolsonaro seria um dos tópicos da conversa.


Após o encontro, o presidente dos EUA divulgou uma foto ao lado de Lula e escreveu: "É uma grande honra estar com o presidente do Brasil. Acho que conseguiremos fechar bons negócios para ambos os países. Sempre tivemos um bom relacionamento —e acho que continuará assim".


Bolsonaristas repercutiram o elogio de Trump ao ex-presidente e ignoraram os afagos a Lula. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está desde março nos EUA articulando sanções contra autoridades brasileiras, alegou um suposto desconforto do petista com a declaração do americano.


Outros influenciadores bolsonaristas buscaram difundir a tese de que, apesar do encontro, o governo brasileiro ainda não avançou nas negociações pelo fim do tarifaço.


"Deve ser a terceira reunião e os caras que atacam diariamente Trump se fazem de idiotas para enganar outros idiotas", escreveu Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro pelo PL e também filho do ex-presidente. Na postagem, ele ironizava uma fala do chanceler Mauro Vieira sobre o encontro ter sido positivo, mas sem ter dado início, ainda, às negociações.


A cientista política Juliana Fratini, doutora pela PUC-SP, avalia que aliados de Bolsonaro estão reféns da aliança com Trump e não podem criticá-lo por se encontrar com Lula. Eles correriam o risco, inclusive, de maior fragilidade nas articulações internacionais, já que parte da própria direita admite que Lula saiu lucrando com o avanço das negociações.


Além disso, tanto na esquerda quanto em setores da direita há uma compreensão de que a atuação de Eduardo nos EUA beneficiou Lula por permitir que o presidente se colocasse como defensor da soberania nacional, ativo explorado por aliados do petista.


"Os bolsonaristas estão dependentes do trumpismo e dos movimentos de direita internacionais para manter o fôlego. Não vão reclamar, não querem atrito. Sabem que, se irritarem Trump, podem perder o prestígio que possuem junto a ele", disse à Folha de S.Paulo.


Aliados de Eduardo já iniciaram, na própria noite de sábado (25), uma movimentação em sua defesa nas redes sociais, antecipando possíveis ataques diante de um eventual avanço das negociações pelo tarifaço.


"Eduardo é um guerreiro silencioso, que trabalha nos bastidores com lealdade e coragem. Sua missão nunca foi apenas um mandato, mas a defesa de um ideal. Diferentemente de muitos que hoje trabalham para desmerecer o grande trabalho que ele fez, e continua fazendo por todos nós", afirmou o deputado federal Mário Frias (PL-RJ).


O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), classificou o encontro de Lula e Trump como "sensacional, pois fica provado que o tarifaço nunca foi culpa do Eduardo Bolsonaro e sim do Lula".


Já na esquerda a reunião foi usada para destacar a atuação diplomática de Lula. O deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) afirmou que o encontro "resultou no restabelecimento do diálogo e da parceria entre Brasil e Estados Unidos, superando divergências anteriores orquestradas pelos traidores da pátria".


Presidente nacional do PT, Edinho Silva disse que os problemas do planeta só serão resolvidos "com mais diálogo e não em imposições" e elogiou a postura de Lula. Crítico de Trump, a quem chama de fascista, ele disse à Folha de S.Paulo no início do mês que o Brasil busca manter a relação cordial com os EUA: "Estamos dialogando com o governante da época", argumentou.


Para Fratini, a postura da esquerda a respeito da reunião mostra que "de olho nos ganhos políticos e econômicos a partir de uma boa relação com Trump, o interesse por um bom relacionamento se torna mais forte do que o desdém".


A cientista política menciona incoerência, por parte da esquerda, em celebrar elogios de Trump a Lula. "Se o benefício fosse exclusivo para o opositor, Bolsonaro, ele [Trump] seria chamado de fascista", disse. "O mesmo ocorre quando a esquerda brasileira se alia a ditaduras como a venezuelana ou a cubana, sem nem de longe ser ditatorial como estas. Faz por interesses econômicos e arregimentação de poderes políticos."

Leia o texto em voz alta:


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