Por Redação

Foto: Divulgação
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (11), a Operação Só Oficial para apurar um esquema criminoso que utilizava publicidade enganosa nas redes sociais e sites falsos para aplicar golpes em candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024. A ação inclui o cumprimento de dois mandados de busca e apreensão na cidade de Praia Grande, litoral de São Paulo, e o bloqueio judicial de R$ 3 milhões movimentados pelo grupo.
Segundo a PF, durante o período oficial de inscrições do Enem do ano passado, entre os dias 27 de maio e 14 de junho de 2024, os investigados criaram páginas falsas que simulavam o ambiente oficial do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Nessas plataformas, os usuários eram induzidos a realizar pagamentos via Pix, acreditando que estavam se inscrevendo corretamente para a prova. No entanto, os valores pagos eram desviados para contas bancárias vinculadas a uma empresa privada sem autorização do governo.
Os recursos foram captados por meio de uma fintech em uma conta-corrente em nome da empresa operadora do golpe, que já acumulava diversas reclamações na internet por práticas semelhantes de cobrança indevida. A investigação também revelou que um dos suspeitos envolvidos no esquema possui, ao menos, 15 anotações criminais.
Além dos prejuízos financeiros, o golpe teve consequências graves para os estudantes enganados. Como não realizaram a inscrição na plataforma oficial do Inep, muitos foram automaticamente eliminados do Enem 2024 e só descobriram o golpe às vésperas da aplicação da prova, quando não receberam os comunicados sobre os locais de realização do exame.
O próprio Inep já havia emitido, em maio de 2024, um alerta sobre o golpe. À época, um dos sites falsos estava induzindo os estudantes a pagarem uma taxa por meio de uma aba de pagamento fraudulenta. O portal foi retirado do ar após notificação à PF, mas o alerta não impediu que diversas vítimas fossem lesadas.
As vítimas relataram que, ao efetuarem o Pix, acreditaram que a transferência seria feita para uma empresa terceirizada que prestaria serviços ao Inep. Contudo, a autarquia esclareceu que o pagamento oficial da taxa de inscrição do Enem é realizado apenas por meio de boleto do Banco do Brasil, que também pode ser quitado por Pix, sempre com o remetente identificado como “Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira”.
A PF também identificou que a mesma prática voltou a ocorrer no início de 2025, com a criação de sites falsos que antecipavam, de forma enganosa, o processo de inscrição para o Enem 2025. Diante disso, novos pedidos de investigação foram abertos, e a corporação solicitou ao Google a remoção dos conteúdos fraudulentos.
Os suspeitos poderão responder por crimes como furto mediante fraude e participação em organização criminosa.