Por Redação
Foto: Bahia Notícias
O blogueiro João Andrade Neto foi preso no final da tarde desta quinta-feira (10) após o cumprimento de um mandado de prisão. O requerimento foi expedido pelo juiz José Reginaldo Costa Rodrigues Nogueira, da 11ª Vara Criminal da Comarca de Salvador. A prisão se deu por uma condenação pelos crimes de difamação e extorsão, em um processo que tramitava na Justiça desde 2010. Os atos foram cometidos contra, pelo menos, seis vítimas diferentes.
A sentença contra João Andrade Neto neste processo foi expedida em 2014, entretanto, desde aquele momento, o blogueiro vinha apresentando recursos que adiaram a execução da pena. Sua condenação prevê o cumprimento de 8 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão em regime fechado e pagamento de 110 dias-multa com o valor fixo em um trigésimo do maior salário mínimo vigente.
A condenação foi baseada nos depoimentos das vítimas, documentos apreendidos, escutas telefônicas autorizadas, registros das publicações ofensivas no site “Pura Política” e a desobediência de João Andrade Neto a decisões judiciais anteriores.
O ESQUEMA
O blogueiro era dono do antigo site “Pura Política” e buscava extorquir vítimas alegando possuir informações caluniosas, injuriosas ou difamatórias contra elas, exigindo determinadas quantias para que tais dados não fossem publicados em seu portal.
Segundo o processo, o método adotado por João Andrade Neto, e seu comparsa, Cléber Lins Teixeira, envolvia “ameaça grave e constrangimento, com o intuito de obter vantagem econômica indevida”. Ao todo, em 2010, ele teria tentado extorquir mais de R$ 6,3 milhões. Entre as vítimas, inclusive, estaria o empresário do setor de gás, Carlos Suárez.
De acordo com os autos, obtidos pela reportagem do Bahia Notícias, o blogueiro iniciava a ação contatando as vítimas diretamente ou por terceiros para se fazer amigo e depois exigir altas quantias. Utilizava telefonemas e mensagens de texto (SMS), muitas vezes cifradas, para as cobranças.
Para as cobranças, João Andrade Neto chegou a contratar policiais militares reformados para intimidar as vítimas. No texto, é citado que os “seguranças” se portavam ostensivamente e exibiam suas armas nos momentos das cobranças.
A defesa de João Andrade Neto alegou que os fatos seriam oriundos de uma trama de empresários e que as matérias eram jornalísticas baseadas em documentos públicos, além de que ele seria alvo de perseguição por denunciar pessoas poderosas. No entanto, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) rejeitou essa tese, afirmando que a questão é a utilização de supostas informações ilícitas para obter vantagem.
Ele chegou a ser preso em agosto de 2010 e novamente em fevereiro de 2021 após operação da Coordenadoria de Operações Especiais (COE), que cumpriram mandado de prisão temporária decretada pelo juiz Edmundo Lúcio da Cruz.
João Andrade Neto também responde 5 processos movidos pelo empresário Ricardo Luzbel. Entre as acusações também estão os crimes de calúnia, difamação e extorsão.
